quarta-feira, 23 de novembro de 2011

GATOS: MANUAL DE INSTRUÇÕES

PARTE 6: PRINCIPAIS DOENÇAS


A partir de agora, falaremos sobre as principais doenças que acometem nossos Amigos Gatos. Fiquem atentos, pois, uma vez que você conheça o comportamento normal do seu gato, irá identificar facilmente qualquer problema!



6.1 VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA FELINA - FIV (Feline Immunodeficiency Virus)

O FIV, Vírus da Imunodeficiência Felina, é popularmente conhecido como Aids Felina já que debilita os gatos da mesma forma que o HIV debilita os humanos,  devido à baixa imunidade causada pelo vírus, facilita o aparecimento de anemia, aquisição de doenças etc. Apesar do FIV pertencer à mesma família do HIV, é altamente espécie-específico, ou seja, só acomete felinos.

AGENTE ETIOLÓGICO

O FIV pertence à família Retroviridae subfamília Lentivirinae, gênero Lentivirus. É envelopado, apresenta cerca de 100nm de diâmetro. Oficialmente reconhecidas pelo ICTV (Comitê Internacional de Taxonomia Viral), as espécies de Lentivirus que podem infectar os  felídeos são três: 

  • FIV-P : Vírus da Imunodeficiência Felina cujo protótipo é a linhagem de Petaluma, isolada a partir de gatos domésticos (Felis catus);

Gato doméstico -  Felis catus

  • FIV-O: Vírus da Imunodeficiência Felina isolado de um gato de pallas (Otocolobus manul), um felino natural da Ásia Central.


Gato de Palla - Otocolobus manul

  • PLV: Lentivírus de Puma isolado de Pumas Norte-americanos (Puma concolor).



Cougar ou Puma (Puma concolor)

Outros Lentivírus  como o FIV-Ple e o de leopardo FIV-Ppa foram isolados de leões (Panthera leo) e leopardos (Panthera pardus) respectivamente, porém, não foram reconhecidos ainda como espécies pelo ICTV.

EPIDEMIOLOGIA E TRANSMISSÃO

A forma predominante de transmissão é a saliva, porém, também pode ocorrer transmissão intrauterina, perinatal, pelo leite ou pelo sêmen de machos soropositivos (Jordan et al, 1995; O'Neal et al, 1995). Uma vez infectado, o animal pode desenvolver desordens hematológicas e  deficiência imunológica, tornando-se susceptível a infecções secundárias.

PATOGENIA

O FIV causa a síndrome da imunodeficiência em gatos domésticos, que envolve depleção de linfócitos T-helpers com receptores do tipo CD4+ à semelhança da infecção pelo HIV. O curso da doença induzido pelo FIV é longo, ou seja, o período decorrido entre a infecção e a morte, geralmente é de vários anos.
Após a inoculação, o vírus é carreado para linfonodos regionais e replica-se em linfócitos T. O vírus então se espalha pelos linfonodos do corpo resultando em seu aumento generalizado.

SINTOMATOLOGIA

O curso clínico da Imunodeficiência Felina pode ser dividido em cinco fases:
  • Estágio 1 - Fase Aguda: Inicia-se 4-6 semanas após a infecção, caracteriza-se por febre com duração de vários dias, leucopenia que dura de 4-9 semanas. No entanto, muitos gatos passam por esta fase sem apresentar sinais clínicos da doença.
  • Estágio 2 - Portador Assintomático: A maioria que sobrevive a fase aguda evolui para a fase assintomática por um longo período de tempo (meses ou anos). A diminuição relativa dos neutrófilos, dos linfócitos totais e dos linfócitos CD4+:CD8+ e um aumento das células B estão associados com os gatos portadores assintomáticos.
  • Estágio 3 - Fase de persistente linfadenopatia generalizada: Nesta fase, o paciente mostra-se sadio apesar da linfadenopatia, está associado a sinais vagos da doença como febre, inapetência, perda de peso e anomalias comportamentais.
  • Estágio 4 - Fase do Complexo relacionado à Aids: Manifestações crônicas da doença tais como doenças dermatológicas, respiratórias ou entéricas. As gengivites, estomatites e periodontites tem sido os sinais clínicos mais comuns em gatos com FIV. em um grau menor de frequência, alguns gatos apresentam sinal de infecção no trato respiratório superior, perda de peso, otite externa, abscessos, feridas de difícil cicatrização, febre, diarreia, alterações hematológicas (anemia, linfopenia, neutropenia e trombocitopenia), neoplasias e doenças neurológicas. Doenças intraoculares relacionadas à infecção por FIV incluem uveíte anterior linfocítica plasmática e glaucoma.
  • Estágio 5 - Fase terminal - Síndrome da Imunodeficiência adquirida: Neste estágio, os gatos desenvolvem linfoma, insuficiência renal ou criptococose. 

DIAGNÓSTICO

Os métodos mais recomendados são os imunoenzimáticos em busca de anticorpos circulantes, os testes imunoenzimáticos devem ser confirmados pelo teste de Western blotting, pois este detecta anticorpos para outras partículas virais.

TRATAMENTO


Não há cura para a infecção do Vírus da Imunodeficiência Felina, o tratamento consiste em debelar as infecções oportunistas/secundárias; e vai depender do quadro sintomático do animal.

PROFILAXIA

A vacina existente no mercado é de vírus inativado, produzida para as clades A e D. Em se tratando de um retrovírus, este possui capacidade recombinante entre seus subtipos, criando novas variantes virais, logo, para uma vacinação efetiva é necessário o conhecimento da prevalência dos subtipos virais da região.

Como profilaxia inespecífica, pode-se evitar a ida dos gatos à rua, na tentativa de prevenir possíveis brigas entre machos e consequentes arranhões e mordidas, o que levaria a transmissão da doença se um deles for soropositivo para FIV.



É importante que seu gato esteja sempre em dia quanto às vacinações e vermifugação, mantenha sempre seu ambiente limpo, com água e alimento disponível, isso é a base para uma vida saudável!

Em caso de dúvidas, postem seus comentários!!!!

Até a próxima postagem,

Tátilla Luz