sexta-feira, 19 de agosto de 2011

GATOS: MANUAL DE INSTRUÇÕES

PARTE 5: PRINCIPAIS ZOONOSES


Continuaremos abordando o tema Zoonose, mostrando que nosso amigo gato as vezes pode participar da transmissão de doenças ao homem.







5.3 RAIVA

A raiva é uma zoonose viral, que se caracteriza como uma encefalite progressiva aguda e letal. Existem dois ciclos de transmissão, o urbano, no qual tem participação como vetores os cães e os gatos; e o ciclo silvestre, onde no meio rural o principal transmissor é o morcego hematófago e na área silvestre a raposa.


AGENTE ETIOLÓGICO
O vírus da raiva pertence à família Rhabdoviridae e gênero Lyssavirus. Possui aspecto de projétil e seu genoma é constituído por RNA.


Lyssavirus

RESERVATÓRIOS

Urbanos
Cães e Gatos
Rurais
Animais de produção: Bovinos, Caprinos, Ovinos, Equinos e Suínos
Silvestres
Morcegos, Raposa, Sagui


MODO DE TRANSMISSÃO




A transmissão da raiva se dá pela penetração do vírus contido na saliva do animal infectado, principalmente pela mordedura e, mais raramente, pela arranhadura e lambedura de mucosas.

O vírus penetra no organismo, multiplica-se no ponto de inoculação, atinge o sistema nervoso periférico e, posteriormente, o sistema nervoso central. A partir daí, dissemina-se para vários órgãos e glândulas salivares, onde também se replica e é eliminado pela saliva de pessoas ou animais enfermos.

PERÍODO DE INCUBAÇÃO

É extremamente variável, desde dias até anos, com uma média de 45 dias, no homem e de 10 dias a 2 meses no cão*. O período de incubação está diretamente relacionado à:
  • Localização, extensão e profundidade da mordedura, arranhadura, lambedura ou contato com saliva de animais infectados;
  • Distância entre o local do ferimento, o cérebro e troncos nervosos;
  • Concentração de partículas virais inoculadas e cepa viral.
* nos gatos, o período de incubação é semelhante ao dos cães.


SINTOMAS

Três fases são reconhecidas: precursora ou prodromal, excitativa e paralítica. A duração total raramente é maior do que 10 dias; em média, a duração é de 5 a 6 dias.

a) Fase Precursora ou Prodromal (duração de 2 a 3 dias):

Mudanças na disposição: Um animal quieto se torna ativo e excessivamente amigável; o animal ativo se torna nervoso e assustado.

Dilatação das pupilas, salivação; o animal "morde o ar" e late com som agudo (cães);

Modificação da andadura (passo), com possível rigidez e contração da musculatura facial.

b) Fase Excitativa ou Raiva Furiosa:

Aumento dos reflexos de irritabilidade;

Dificuldade de deglutição, sialorreia;

Síndrome de ataque: agressão violenta e viciosa ("olhos faiscando", boca espumando, pelos do dorso arrepiados). Este período pode durar de 1 a 4 dias. Há progressão para um quadro convulsivo terminal ou paralisia, se o animal viver por um período mais prolongado.

c) Fase Paralítica ou Raiva Silenciosa:


Se a fase excitativa não é observada, ou é muito curta, então a denominamos como Raiva Silenciosa ou Paralítica.
  1. O animal não se encontra irritadiço, raramente morde;
  2. Paralisia ascendente dos membros - causando marcha trôpega;
  3. Paralisia de mandíbula (pode ser antes da paralisia dos membros ou concomitantemente) - causando sialorreia, língua pendendo para fora da boca;
  4. Alterações oculares, como Anisocoria;
  5. Somente 25% dos casos de Raiva em felinos correspondem a este tipo (Paralítica), comparado aos 75% de casos observados em cães.


Paralisia
Anisocoria
Agressividade














DIAGNÓSTICO


Sempre que houver sintomas neurológicos e a origem for indeterminada, deve-se suspeitar de Raiva. Como precaução, tomar as seguintes medidas profiláticas durante o diagnóstico:


Isolar o animal suspeito;


Se alguma pessoa for mordida ou tiver contato estreito com o animal suspeito, deverá lavar imediatamente o ferimento com água e sabão e procurar auxilio médico.


Consultar um veterinário do Centro de Zoonoses;


Enviar amostras de tecidos (de preferência da cabeça toda, ou a região do hipocampo cerebral e cerebelo) para laboratório de diagnóstico.


O veterinário, recebendo o laudo do diagnóstico, deverá notificar as autoridades sanitárias locais; Deverá também, comunicar ao proprietário do animal e colocar os animais expostos ou suspeitos em quarentena.



TRATAMENTO


Nenhum tratamento deverá ser tentado. Se o animal exposto ao vírus não é vacinado, em se tratando de animais abandonados, recomenda-se proceder a eutanásia, para coleta de material para diagnóstico laboratorial.


Uma alternativa seria manter o animal suspeito sob quarentena de 6 meses, o que nem sempre é viável.


Se o animal exposto tiver um proprietário e for anteriormente vacinado, recomenda-se o seu isolamento para observação clínica por 10 dias, após esse período, o animal deverá ser revacinado.


VACINAÇÃO


As vacinas induzem altos títulos de anticorpos neutralizantes, aproximadamente entre 7 e 21 dias após a vacinação (período negativo de imunidade), utilizando-se tanto a vacina a vírus vivo modificado, quanto a vacina inativada.


A duração da imunidade pode ser de até 3 anos, para as vacinas vivas ou inativadas, em cães ou gatos, mas para obtermos uma imunidade máxima é recomendável a adoção do esquema com revacinações anuais. A primovacinação é recomendada para cães e gatos a partir do quarto mês de vida.


PROFILAXIA


Já que dificilmente se consegue vacinar todos os animais errantes, fundamental para a persistência da cadeia de transmissão, recomenda-se o recolhimento de cães e gatos de rua, visando reduzir a circulação do vírus nos animais errantes. Também é recomendado o envio para diagnóstico laboratorial dos animais suspeitos de raiva.

Pessoas sob risco (profissionais de saúde) devem tomar a vacina para evitar a doença.

CONSIDERAÇÕES FINAIS



Bom, não precisa ficar assustado! Agora você já sabe que é importante vacinar seu amigo e tomar todos os cuidados. Para um gato contrair a raiva é preciso que ele não seja vacinado e que seja mordido por um cão ou outro animal infectado. Você é responsável pela saúde do seu filhote, portanto, cuide dele!

Até a próxima!

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